FANFIC 2014

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Segue abaixo minha nova Fanfic, espero que gostem, um abraço.

Um Sonho a Mais Não Faz Mal
Capitulo 13

Respirei e olhei pra ele. Eu queria dizer primeiro o meu motivo, para que não houvesse tempo dele se declarar outra vez ou sei lá. Mas ele acabou me interrompendo e assim foi contando:
-Assim, você sabe que é difícil a gente fazer algo que vai contra costumes, esse tipo de coisa não é?
-Certamente, Cadu.
-Então, e sabe também que amores proibidos são tão difíceis hoje em dia que não dá coragem nem de tentar, mas eu queria tentar um...
-Mas não vejo que eu e você possa ser um amor proibido, a questão é outra, cara..
-Dani, eu não to falando de mim e de você, desculpa, eu me declarei pra você tentando fugir de um amor proibido.
-O que? Puts.. mas Cadu, você acha que ia esquecer ela ficando comigo?
-Não necessariamente, mas vi uma possibilidade. Só que a ficha caiu quando eu conheci pessoalmente o Lucas.
Naquela hora eu não sabia se tinha entendido já tudo o que ele queria dizer, ou se o Lucas fosse uma participação apenas no que ele ia contar.
-Você tá me dizendo que...
-Que eu gosto do Lucas! Sim, desculpa, eu espero que não me julgue, mas desde que o conheci pela internet, e fomos conversando, eu fui vendo que tinha muita afinidade com ele, e hoje pela manhã quando nos conhecemos pessoalmente, foi tão forte o que senti, que tive a certeza. E por isso resolvi trazer você agora a tarde para conhecê-los, por que queria que tivesse contato com esse outro "mundo".
-To sem palavras.
-To constrangido.
-Não fique. Olha, isso é normal, eu acho. Não tenho preconceito, acho que cada um segue seu caminho né Cadu...e ele é uma pessoa boa e tudo mais, parece.
-rs... e você, ia me dizer o que?
-Me sinto aliviada pra te contar isso agora hahaha. Sabe o Vitor?
-Seu patrãozinho? Hahaha.
-Ai não estraga o clima kkkkkkkkkk. Ex patrão, e talvez futuro namorado.
-Oi? Ai mas eu já imaginava.
-Imaginava nada moleque!! hahahah
-Sério! Mas vocês tão ficando?
-A gente tá se gostando, descobrimos isso em dias antes de você sofrer acidente e tal. 
-Nossa e eu te beijei na frente dele na festa. Ele vai me matar!!
-Relaxa, eu expliquei pra ele.
-Mesmo assim, ele vai proibir você de andar comigo... eu vou ter que contar pra ele que gosto de um homem?
-Facilitaria pra mim, mas não precisa se não quiser. Você pode dizer outra coisa, sei lá.
-Hum, vou pensar nisso. E vai contar pra ele que você tá na banda?
-Cadu, eu não sei porque estou nessa banda, eu nem levo jeito!
-Você canta bem meu!
Me surpreendi com Cadu naquele dia, eu não esperava, não fazia ideia. Mas me veio lembranças de dias em que ele estava conversando com os amigos no hospital pelo celular, e entre muitos ele falava bastante desse Lucas.
Pois bem, cheguei em casa e Vitor já estava lá, no banho e encontrei Matheusinho no sofá vendo desenho na TV. Estranhei. Estávamos em 2010 ainda, mais especificamente no final de agosto, Matheus ia fazer 4 anos.
-Oi Matheus...
-Oi. O titio Vi tá tomando banho e ele comprou bolo.
-Ah é?
-É.
Nisso Vi já saiu do banho.
-Oi minha linda. Hoje seremos babás do Matheus, Leo vai sair pra jantar com a Tati e resolvi ficar com ele.
-Ah sim, que bom, então hoje vamos brincar muito né?
-To cansado, mas a gente pode ver desenho né?
Matheus desde criança cortando meu barato. Eu me sentia como se já fosse da família, e o pouco contato que estava tento com eles, era muito bom. Aquela noite foi divertida, foi bom ver como o Vitor lidava com criança e isso me fazia ter esperança e sonho de me casar e ter um filho com ele. Quando o Matheus dormiu, sentamos na sacada juntos, encostei a cabeça no peito dele, como um filhote se aconchega nos braços da mãe.
-Vi, você pensa em ter um filho?
-Tenho em mente. E você?
-Acho que não é fácil, mas se eu pudesse, teria.
-As vezes fico imaginando a gente com uma família sabe?
-Sério? Eu também.
-Precisamos de mais tempo para sabermos o que queremos pra vida, se queremos mesmo um ao outro. Convivência é tudo.
-É bem isso mesmo. Eu penso que um relacionamente vem por base de uma amizade.
-Sim, se entregando sem mentiras um ao outro.
"Sem mentiras" já pensa na banda que eu tinha entrado e ainda não havia falado pra ele, resolvi então dar umas indiretas.
-Tenho as vezes umas vontades doidas, sabe.
-Hahaha, tipo o que Dani?
-Tipo, viajar por aí sem motivo, ter uma banda...
-Ter uma banda? Hahaha, hoje em dia só serve pra dar dor de cabeça, sabia? Sei lá, você tem que seguir isso sériamente.
-Mas por diversão.
-Mesmo que por diversão Dani, alguém na banda tem sonho de ter muito sucesso no que faz, e fama, e se não pensarem todos no mesmo ideal, vai destruir a banda. E eu teria ciumes se você tivesse uma, imagina você tocando e um monte de caras te desejando?
-Olha quem fala, você tem um monte de fãs que te desejam toda hora...
Mesmo nessa brincadeira, eu pude perceber que ele não ia gostar da ideia. Aí então eu não contei a ele, mas eu só tinha duas opções: dizer ao pessoal que eu estava fora, ou ensaiar e tocar sem que ele soubesse, e adivinha o que fiz?


( continua )

Capítulo 12
Estávamos a beira de fazer algo importante. Na verdade meu único problema era mesmo o medo de fazer aquilo, idade é relativo e eu não tinha sonho de encontrar um príncipe encantado para tal ato, apenas uma pessoa que não fosse vagabunda ou coisa do tipo, aí explicando o "porém" do último parágrafo do capítulo anterior...
Porém Vitor parou com o fogo e olhou pra mim, e feito uum homem decente ele perguntou:
-Quer mesmo fazer isso comigo? Olha eu vou entender se...
Tapei a boca dele e fui deitando levemente em cima do seu corpo, o beijei e foi acontecendo. No dia seguinte eu acordei tão feliz que até arrumei o quarto antes que ele acordasse e ainda fiz café. Ele levantou animado também, e enquanto tomávamos café, ele falou:
-Eu fiz ontem uma coisa pra você.
-O que?
-Uma cópia da chave daqui. Quero que venha morar de vez comigo. Já faz tempo que essa casa também é sua.
-What? Vitor, eu não posso aceitar isso, tipo...
-Não, e sério, vai ser importante que venha morar aqui, quero algo de verdade com você. Conversarei com seus pais.
Aquele, pode-se dizer que foi um dos dias mais felizes da minha vida. Mas teve um fato que quase fez com que não fosse. A tarde, quando o Vitor havia saído pra ensaiar, o Cadu ligou dizendo que queria falar comigo. Não queria que ele viesse até o apartamento do Vi, então chamei ele pra ir tomar um sorvete e avisei o Vitor sobre isso. Mas Cadu me fez uma outra proposta:
-Vamos na casa de uns amigos que fiz pela internet enquanto estava no hospital?
-Você não havia me contado desses amigos.
-Queria ter certeza de que eles não fossem fakes.
-E teve essa certeza?
-Sim, foram em casa de manhã, disseram que hoje a tarde estariam ensaiando na casa da Sam, você curte rock, como havia me dito né?
-Sim, curto.
-Vai gostar deles, estão querendo formar uma banda.
Não entendi porque Cadu insistiu para que eu conhecesse esses amigos dele. Mas no caminho fomos esclarecendo o que havia acontecido entre nós dois na noite anterior e ele me pediu desculpas, mas não contei do Vitor ainda. Chegando na casa dos amigos dele, me apresentou duas gurias: Sandra (Sam) e Marina (Ma) e o Lucas. Uma das meninas tinha um jeito todo delicado e a outra um jeito meio durona, com roupas básicas e logo percebi que havia uma sintonia entre elas, talvez fossem homossexuais. E o Lucas parecia normal, até começar a falar e andar, ele sim era gay e tava na cara. Nunca tive preconceito, mas tinha poucos colegas assim. Só que aquele pessoal era bem alto astral.
-Então, vcs são uma banda? - perguntei
-Tentamos! Mas nunca tocamos pra um publico e nossa família odeia rock.-diz Sam
-Na real a gente é ruim demais, a Sam canta mas precisamos de alguém que faça a primeira voz. - diz Lucas
-Ah sim... 
-Chamamos o Cadu pra tocar baixo com a gente, aí eu toco batera, a Sam guitarra e o Lucas toca teclado e algumas coisas de percurssão. -diz Ma
-A Dani toca violão e canta também, podíamos fazer um teste com ela. -dz Cadu
Eu juro que eu quase matei Carlos Eduardo naquela hora. E imploraram que eu cantasse.
-Tudo bem, mas eu não canto bem não...
-Você sabe o que de rock? -disse Sam
-Ah, não muitas músicas, curto alguns nacionais, internacionais, mas meu inglês não é muito bom...
-Que tal a clássica do GNR, Sweet Child o Mine? Você sabe ela? - disse Lucas 
-Sei... mas...
-Lucas, pega meu violão ali em cima do sofá... Dani, faz a base, eu fico com o solo, cante, eu faço segunda voz.
Cantei, toquei e achei uma bosta. Aí no final fui me desculpar, mas me interromperam:
-Você tá na banda, sério, você canta muito.
Fiquei tipo sem reação. Eu não estava trabalhando no momento, podia ensair com eles, porém isso me aproximaria do Cadu mais ainda e o que eu diria ao Vitor? "Vitor entrei para uma banda de adolescentes, cantamos rock" nãooo!! Mas no fundo achei legalzinho e bacana ter conhecido eles. No caminho pra casa que por sinal não era tão longe e tive que ajudar o Cadu na subida até a casa dele, ele foi me falando o quanto estava sendo bacana ter entrado pra tal banda que nem nome tinha, e que pra ele havia começado, assim como pra mim, naquele dia. Você imagina, acabar de sair do hospital e formar uma banda? Pra um adolescente de quase 17 anos, como o Cadu, era a coisa mais foda do mundo.
-Sabe Dani, talvez eu não tivesse dito o real motivo de ter me declarado pra você...
-É, e eu não te disse o motivo por ter meio que negado seu pedido...


(continua)


Capítulo 11

Era como se por momentos eu não fosse eu e por Deus, juro, minha alma boa voltou em mim. Ninguém nunca imaginava que eu poderia ser assim, e caso eu fizesse algo com o Vitor, talvez custassem a acreditar. Eu deixei a tesoura naquela gaveta de volta, me levantei e fui até a cozinha, lá debrucei sobre a mesa chorando. 
-Eu acordei pra beber agua, porque não está na cama?
Olhei chorando pro Vitor com cara de sono e cabelo todo bagunçado. Como eu fui capaz de tentar matar alguém que não suportaria que saisse da minha vida?
-Dani, você está chorando...(?)
Levantei e abracei-o. 
-Eu te amo, muito!
Sem falar muito, peguei minha chave e fui saindo.
-Você vai na casa do Cadu hoje?
-Vou sim, depois do ensaio.
-Preciso conversar com você então depois.
-Você me deixa aflito.
-Só preciso descansar. 
-Tá certo.
Saí. Não queria sair a noite, mesmo assim me arrumei e fui. Me partiu o coração ver o Cadu em uma cadeira de rodas, mesmo tendo chances de ainda voltar , a movimentar a perna. Tinha medo de isso não acontecer. De certa forma, ele ficaria em uma cadeira sem muita gente o ajudando e sobraria pra mim, não era que não gostava de ajudá-lo, mas é que ele gostava de mim, e estar próxima dele seria pior.
Fato é que até que rimos muito aquela noite, e certo momento o chamei pra conversar a sós, fomos até a sacada, sentei no banco e ele encostou a cadeira do meu lado.
-Cadu... você me fez um pedido e ...te devo uma resposta.
-rs..
-Você é uma pessoa muito boa, sabe, eu te amo sim..
E do nada ele me beijou! PQP! E como as coisas são pra acontecer, ao afastar o Cadu de mim, vi o Vitor olhando pra mim com a cara de decepção mais foda do mundo. Eu senti meu coração trincar. Mas bem feito pra mim, que quis achar que ele era uma pessoa injusta, ou que amá-lo seria uma injustiça. Mas o Cadu não sabia de nada, e o Vitor não foi imaturo ao segurar o que estava sentido e ir cumpirmentá-lo.
-Olá Cadu, quanto tempo bicho...
Me levantei chorando e fui até o banheiro.
-PQP...acho que fiz besteira. Mas, tudo certo Vitor?
-Tudo Cadu!
Não estava nada certo, pra nenhum dos dois.
-Por que disse que fez besteira Cadu?
Antes que respondesse, o pai do Cadu pediu pros dois irem lá pra dentro comer um pedaço de torta, e não se falaram mais. Eu já havia ido embora, não me despedi do Cadu, mas eu esperaria o Vitor pra conversar. E quando ele saiu de la, e foi pra casa, me viu na porta esperando.
-Dani, Dani...
-Vai querer me ouvir?
-Vou querer que volte pra falar com o Cadu, pelo menos você não brinca com os sentimentos dele também.
-Vitor?!
-Foi um erro, Dani. Temos cada um o seu lugar, e talvez o seu não seja do lado do meu.
(...) pausa
-Eu sempre vou ser a moça que limpa seu apto né Vitor?
Ele ficou olhando pra mim.
-Ele gosta de mim, fui dizer que meu amor por ele é diferente, e ele me beijou, eu evitei, quando você chegou eu já estava afastada dele.
(...)
-Vitor, fala alguma coisa!!! (...) É melhor eu ir pra casa!
-Não, a sua casa é aqui Dani, comigo... eu não brinquei quando eu disse que te amo, meu Deus, eu sou meio instável, eu não suportei talvez te ver ... "beijando" outro cara.
Aí foi eu que fiquei sem fala. Ficamos abraçados ali por alguns segundos, e entramos. 
-Sobre esse whisky na sua mesa Vitor...
-Sim, vamos abri-lo!

A bebida fode com seu fígado, com outras coisas mais, talvez, mas ela conserta suas tristezas, por vezes, e qualquer problema que tenha. E naquela noite foi assim, bebemos, até que o ardente poder do whisky pudesse acender mais que um fogo comum, talvez um fogo que nos levou pra cama, e pela primeira vez, eu não consegui resistir...porém...

(continua)

Capítulo 10
Fiquei totalmente sem reação com o pedido do Cadu! Eu o amava, de verdade. Eu aprendi a amá-lo na verdade, ele era bom, e em todo esse tempo fui sua melhor amiga. Mas era justamente isso, eu o amava como amigo, e por mais que não tivessemos tempo para ter aventuras em qualquer outro lugar, aquele hospital fez forte um sentimento entre nós dois, que pra ele foi um amor apaixonado e lúdico.
-Tudo bem, não precisa responder agora. Vou te dar um tempo pra pensar, até por que eu não seria um bom namorado assim, na situação que me encontro.
-Eu... não sei o que falar '-'. Cadu, eu tenho compromisso, devo ir...
-Vá hoje em casa, meu pai e meu tio farão um jantar. Chamamos alguns amigos.
-Eu irei sim...
-Chamei o Vitor, o Leo.. mas eles estarão ensaiando, mas disseram que vão passar lá depois.
-Aham..
Fui embora, pensativa. Almocei com o Vitor no ap dele mesmo, depois vimos um filme juntos.
-Você tá estranha Dani.
-É que sei lá, sabe. O Cadu ficou tanto tempo no hospital, e como melhor amiga dele, acho que vou ter que ajudá-lo.
-Sim, acho que ele precisa do seu apoio mais do que nunca.
-Pois é...
-Que sono, vamos dormir um pouco?
Em dias atrás, aquele era um convite para tentativa de sexo da parte dele. Não havia deixado ainda que ele fizesse nada, eu não estava pronta. Mas naqueles dias eu estava tranquila, só que dessa ultima vez senti um vazio ao deitar do lado dele, e vê-lo, em silencio, puxar o cobertor, ligar o ar e virar para o outro lado, como se eu não estivesse ali. Fiquei mexendo no cabelo dele por alguns minutos sem que ele se incomodasse. Senti uma raiva enorme dentro do peito. Aquela era uma versão de mim mais nova.
Quando criança eu era tão doce. E certa vez eu conheci um lado escuro da vida em uma coisa tão simples. Era dia 22 de dezembro, e eu já sabia ler e escrever. Nos Natais anteriores eu dizia a minha mãe o que queria que ela pedisse ao papai-noel. Ela meio que me influenciava nos pedidos, e eu recebia o que queria porque não era coisas de valor alto. Mas naquele Natal eu queria ganhar um piano ou um violão do papai noel e escrevi isso a ele. No dia 25 eu acordei ainda de madrugada e fiquei sentada na sala esperando. Não tinhamos uma arvore e nem uma lareira, mas eu acreditava, e ele não veio. Eu me decepcionei tanto com isso que aprendi desde cedo que nem todo mundo pode ter o que quer, e que existem mundos que separam as pessoas, por que meus amigos, eles sim ganharam o que queriam.
Aos 11 anos comecei a ser uma criança violenta com as palavras, eu não enxergava o bem das pessoas, não as machucava mas dava lições de moral que uma criança não entendia, mas eu sim. Tive que ir a muitos psicólogos que diziam que eu tinha uma certa tentencia a controlar meus sentimentos, o que poderia ser um principio de uma pessoa psicopata, até que um psicólogo me disse que só não tolerava a injustiça, e o que eu faria para que algo fosse justo, poderia ser muito prejudicial e até fatal.
Só melhorei a medida que o tempo foi passando, mas isso voltou na adolescia, quando tornei minha frustração de qualquer coisa, como injustiça e eu sofria por dentro, porque eu não queria machucar ninguém e acavaba machucando a mim mesma, e naquela tarde deitada ali com o Vitor, isso tudo me veio a cabeça, para mim, era injusto me apaixonar e amar verdadeiramente um homem que eu não poderia ter nunca. Ele era uma das crianças que ganhara presentes de Natal bons todos os anos.
Ouvi dizer por aí que as vezes a gente ama tanto uma pessoa, que seremos os únicos capazes de matá-la. Então em um segundo de fraqueza do lado bom que me controlava, virei pro lado, abri a gaveta e peguei uma tesoura, expirei e inspirei 2 vezes, antes de...


(continua)

Capítulo 9
-O que?? ...pai... como o Cadu está? Temos que ir vê-lo, ele..
-Dani, Dani escuta... fica calma. Olha, eu to indo aí te buscar. .. o Cadu, ele... ah.. foi grave e ele..pode não passar dessa noite.
Ei fiquei em choque. Fazia tempo que estávamos afastados e ele era uma pessoa legal, apesar de eu ter ficado muito magoada com as coisas erradas que ele fazia.
Recebi naquele momento uma mensagem do Vitor dizendo "tive que vir ver a Paula, me perdoa, ela estava meio mal" ... eu respondi ainda meio sem noção: "eu preciso de você aqui agora :'( "... e ao inves dele me ligar, já que disse que estaria sempre comigo, ele não me respondeu mais. Passei a noite no hospital tentando entrar pra ver o Cadu. A irmãzinha dele, estava com o tio, e o pai dele estava em choque.
Quando entrei naquele quarto, e o vi deitado ali, respirindo com ajuda de aparelhos e acordado, mas sem reagir pra nada, todo cheio de curativos, pele vermelha, tive uma certeza: ele não iria embora naquela noite, não mesmo!! Sentei ao seu lado, e respirei fundo.
-Oi Cadu.
Ele olhou pra mim, ele só mexia mesmo os olhos, nada mais.
-Eu sei que pode me ouvir, e me ver. Eu não queria te ver aí... ninguém queria, mas você vai ficar bem. Poxa Cadu...
Comecei a chorar, eu estava com a mão na mão dele, e ele segurou-a com força, até então ele estava sem reação pra nada, e também virou a cabeça de lado com os olhos cheio d'agua. Nesse instante meu coração bateu forte e os aparelhos começaram a fazer um barulho de repente, e o Cadu começou a vomitar.. me tiraram do quarto e foi minha ultima imagem dele naquele resto de mês. Ele entrou em coma por duas semanas. 
Nessas duas semanas, pude ver o Victor apenas uma vez, e foi 4 dias depois do acontecido, ficamos sem nos falar esse tempo, eu ignorei mensagens e ligações não só dele, mas do mundo. E no dia em que ele chegou, foi falar comigo em casa. Bateu, atendi, tomei um susto...
-Oi.. Vitor..
-Dani, como você pode se afastar de tudo assim?
-Eu tive motivos, desculpas.
-Eu me declaro num dia, no outro você some. Me senti tão mal.
-Entra... deixa eu te explicar.
Ele ficou olhando pra mim.
-Entra logo e deixa de ser marrento.
Entrou, sentou. Lhe ofereci café, e é claro que ele aceitou.
-Você não ficou sabendo né?
-Do que?
-Do Cadu.. do acidente dele.
-Hã???
Contei a história.
-Eu preciso ir vê-lo.
-Ele entrou em coma, eu fui vê-lo na noite do acidente e ele passou mal na minha frente no hospital.
-Sinto muito. Sinto por ter te julgado também, mas podia ter me avisado.
-Desculpa, eu estou mesmo muito abalada.
-Entendo...
-Eu tenho medo...dele nã..
-Xiiu...vai dar tudo certo, ele vai sair dessa, é um garoto forte!
Ele me abraçou, o abracei mais forte ainda, eu sentia proteção com ele.
-Eu precisei de você, e você tava lá com a Paula...
-Ihhh...ciumes?
-Não, não tenho ciumes de você. Por que você não me pertence.
-Hahahaha, já que pensa assim. Realmente, não gosto de gente possessiva. 
Sorri.
-Quero te levar a um lugar, para distraírmos um pouco.
Fomos no zoológico. Amava bichos e havia comentado com ele que fazia anos que não ia a um zoológico. Foi bom o passeio. Mas eu só conseguia pensar no Cadu, é como se algo tivesse me incomodando. Como eu disse, ele ficou duas semanas em coma e quando acordou, fui vê-lo novamente, e os medicos haviam dito que ele estava bem para uma pessoa que acordara de um coma. Inclusive ele falou comigo.
Ainda ficou por 3 meses no hospital, nesses 3 meses nos falavamos pelo menos 4 vezes por semana. Eu estava ajudando ele, levando livros, jogando video game, conversa fora... E quanto ao Vitor, apenas saíamos quando ele vinha pra cidade. 
Certo dia fui ao hospital como de costume, e o Cadu me disse:
-Tenho 2 notícias e 2 perguntas. Um noticia é boa, outra ruim.
-E as perguntas?
-Uma tenho medo de fazer, a outra tenho esperança..
-Tá, comece pela notícia boa, depois faça as perguntas. Tenho certeza que a noticia ruim, não será mais ruim depois disso.
-Na verdade será, mas ok. Bom, vou sair do hospital hoje a noite!!
-Sério?? Que booooom.
-Sim. A primeira pergunta: você me perdoou pelo que fiz?
Fiquei em silêncio e respirei fundo..
-Ok, pense na resposta. A notícia ruim é que, minha perna direita não se move. Se não apresentar nenhuma reação nos próximos 2 meses, vou ter que amputá-la...
-Puts... eu...eu sinto muito Cadu!
-E a ultima pergunta: quer namorar comigo?

(continua)
















Capítulo 8

Enquanto o elevador subia, Vitor ia falando:
-Festa boa, não?
-Sim. Você aproveitou bastante né?
-Claro, comi muito.
-Ah, deve ter sido no sentido literal...
-Hahahahaha, não sou desses.
-Ah imagina.
Nisso a porta do elevador se abriu, ai ele pegou na minha mão e disse:
-Vem comigo Dani...
-Pra onde e porque?
-Na cama eu te explico.
Nãaaao, ele não disse isso não!! Misericórdia. E eu fui né. Não sei sinceramente quem tava mais bêbado, se riscasse um fósforo ali os dois pegariam fogo e eu não to falando sobre atos pré-coito. Abriu a porta do apartamento, nessa hora fiquei meio tímida, mas quando olhei pra ele, meio sem conseguir trancar a porta, bobo de tudo, eu pensei: ele é o Vitor, eu desejo muito o Vitor. Meu sonho ter o corpo nu do Vitor, e eu teria se quisesse, então não pensei duas vezes, quando ele se virou, eu o beijei, ai ele virou e me encostou na parade.
Não passava nada na minha cabeça aquela hora, eu ja estava com as pernas bambas. Desabotoei sua camisa a medida que conseguia... ar? Não sei o que é isso, não tinha. Fomos cambaleando (literalmente), até o quarto dele, chegando lá ele me jogou na cama e caiu no chão! Sim, até hoje não sei como ele conseguiu cair e broxar a situação, mas daí ele levantou e veio pra cama. 
Quando me dei conta da real situação eu fiz a proeza de parar ele antes que começasse a fazer qualquer outra coisa mais íntima.
-Por que Dani?
-Nãooo cara, eu sei que amanhã nós dois nos arrependeremos disso!
-Não se deixa um homem nessa situação!
-Sem drama, Vitor.
-Eu vou despedir você.
-Despede então!
-Vou te despedir, porque eu quero você como sendo mais do que a moça que vem limpar meu apartamento.
MEU MUNDO PAROU, o ar acabou, a voz cessou... 
-Você tá bêbado Vitor.
-Mas eu to falando a verdade. 
-Como lidar?
-Você sempre esteve do meu lado, e faz alguns dias que venho notado isso, eu estava estudando a situação, como te dizer. Não quero brincar com seus sentimentos.
-Da licença que quem vai me jogar da cama sou eu...
-Hahahaha, para, to falando sério.
-Quero que você fale isso sério amanhã, quando estiver de ressaca.
-Dorme aqui comigo pelo menos.
-Você vai me atacar, eu não...
-Nãaao, eu te respeito.
-Eu vi mesmo o respeito. Gostaria que respeitasse sempre assim.
-Você me provoca e quer que eu não faça nada?
-Exatamente.
-Mulheres são todas complicadas.
Por fim, eu dormir ali. Estava tão cansada que tenho certeza que deixei ele falando sozinha. No dia seguinte acordei sem roupa, mas ele estava dormindo, então me troquei e fui pra casa. Isso eram 9h da matina. As 16h da tarde ele bate na minha porta.
-Dani do céu, o que eu fiz com você ontem?
-Me beijou, caiu da cama, se declarou e dormimos juntos. E não, a gente não transou.
-Oh my God!
-Tá arrependido né? Eu te entendo! Mesmo assim peço demissão. Andei pensando e... sei lá, vou morar com meus pais, trabalhar em outr...
Ele me interrompeu com um beijo e depois um abraço. Em seguida, saiu sem falar nada, me deu as costas e desceu. Eu não tive reação e não sabia o que fazer dali em diante. Eu não sabia o que ele estava pensando, o que eu faria? Voltei pra casa, e comecei a arrumar minhas coisas, eu ia me afastar sim dele. 
Naquele mesmo dia, encontrei um ex amigo que evitei por meses, o Cadu. Eu estava no mercado a noite e vi ele, ele veio falar comigo.
-Dani... oi...?
-Hm, Cadu...
-Tudo bem se a gente conversar? Eu senti sua falta.
-Já estamos conversando né?
-Não nos falamos depois que fomos presos por causa...
-Por causa da sua imprudencia!
-Eu queria pedir desculpas, eu gosto tanto de você, temos que voltar a amizade.
-Cadu, você me magoou muito, eu achei que podia confiar em você, mas você mexe com essas coisas erradas...
-Eu não mexo mais, foi uma fase.
-Olha, eu tenho que ir...
-Me perdoa Dani?
-Eu vou pensar no seu caso, tenho que ir mesmo. 
-Podemos marcar um dia pra conversar melhor?
-Acho que sim.
E marcamos, mas algo em mim não queria mais a amizade dele. Ao chegar em casa, vi um bilhete por baixo da porta, do Vitor.
"To indo fazer show. Me desculpe por qualquer coisa. Quero que saiba que tudo que te disse é verdade, estarei sempre com você. Estarei em casa hoje até as 23h, depois estarei indo viajar, venha me fazer companhia, beijos."
Fiquei tão feliz com isso. Ele estava sendo sincero. Tomei um banho, ainda eram 20h, e então eu iria na casa dele. Mas não havia ninguém lá, fiquei com muita raiva e mandei mensagem perguntando onde ele está. Não respondeu. Minutos depois meu pai me liga:
-Dani, onde você está?
-Em casa, pai, por que?
-Ô Dani, que bom que está bem. O tio do Cadu acabou de nos dar a notícia, ele estava andando de skate e um carro o atropelou, filha... desesperei, pensei que estivesse com ele, porque vocês andavam juntos as vezes... poxa...como eu vou te dizer isso...

(continua)

Capítulo 7
A festa na fazenda do Leo prometia muita coisa, de acordo com minha cabeça que só pensava bosta. Vitor me ligou pela manhã:
-Vai à festa né?
-Não sei...
-Eu poderia levar você se fosse.
-Já que insiste...
Eu não ousei questionar o porque ele estava tão gentil comigo, pois ele poderia mudar de ideia. Então mais tarde me arrumei e fiquei esperando. Dialogamos pouco no carro, eu estava nervosa, conhecia pouca gente por lá, ou melhor dizendo, não conhecia quase ninguém..
-Vitor, acho que só conheço você lá.
-Você conhece o Leo também. Vou te apresentar algumas pessoas.
E eu fiquei meio com vergonha, pois ele ia apenas apresentar sua empregada naquela festa. Chegamos ainda cedo, por volta das 18h. Tinha pouca gente lá, apenas a família do Leo, um dos músicos deles e um casal com uma filha, que provavelmente eram amigos da família. A Tati, esposa do Leo já havia falado comigo em uma ocasião uma vez, em que me pediu pra olhar o filho dela, o Matheus, enquanto ela foi a uma reunião. Então fiquei ali conversando com ela e a esposa do outro casal que já mencionei.
Matheus brincava no jardim com Sofia, a filha do outro casal, enquanto alguns funcionários da fazenda acendiam a fogueira. Nunca havia ido a uma festa junina com fogueira tão bonita quanto aquela. Uma mesa cheia de doces típicos, outra com derivados de milho, tudo muito gostoso. E a medida que o tempo passava, pessoas iam chegando e eu estava mais nervosa.
Do nada chega o Vitor:
-Você bebe Dani?
-Prefiro não beber.
-Ahhh, experimenta essa bebida aqui, chama Jelly Shot, é boa, mas não pode beber mais que três, ou o efeito prejudica...
Era uma fase da minha vida em que eu saia com os amigos pra beber. Adorávamos festas openbares, eu só parei um pouco depois que comecei a trabalhar, e eu vi naquela situação ali na festa junina, um motivo para consumir tais bebidas, para perder a timidez e fazer novos amigos. Bebe aquele jellyshot e acompanhei o Vitor até um local da varanda onde tinha alguns amigos dele.
-Pessoal, essa é minha amiga Dani, acho que vocês não a conhece ainda.
Ele não me apresentou como empregada??!!! 
Uma das coisas que aprendi com o Vitor, trabalhando pra ele, era jogar Poker. As vezes ele não tinha com quem jogar e me ensinava, assim ele aprendia melhor as jogadas e sempre ganhava de mim. Então na rodinha de amigos ali na festa junina, começamos a jogar Poker. E a cada rodada, todos que perdiam ou ganhavam, tomavam uma dose de alguma coisa. Em uma hora eu já não conseguia levantar sem ver o mundo girando. Pedi licença para ir ao banheiro e quando estava voltando ouvi uma voz familiar e uma aglomeração de gente em volta do nosso jogo de poker, e o Vitor cumprimentando a... PAULA FERNANDES?
Não sei se era efeito da bebida, mas aquela mulher de perto era mais baixinha do que parecia na TV. Vitor em nenhum momento havia me dito que ela estaria lá. Cheguei lá do lado e disse oi e Vitor me apresentou. Eu senti um aperto no peito, porque eu sabia que de alguma forma aquela mulher roubava a atenção do Vitor, e ela era muito mais bela que eu, mais rica, mais inteligente.
Pedi licença novamente e fui andar, queria ficar sozinha. Talvez as pessoas não saibam, mas ao mesmo tempo que o efeito da bebida le proporciona liberdade, falta de timidez, ela também deixa suas emoções mais forte as vezes, e eu estava quase chorando naquele momento. Foi quando alguém se posicionou do meu lado.
-Sabe, as vezes também sinto vontade de ficar só.
-Leo? 
Uma das coisas que nunca podem ser ditas, apesar de que é o que a gente quer escutar, em momentos como esse, é "o que aconteceu?". Se não estamos chorando, esse é o momento pra isso.
-Dani, o que aconteceu?
-Sabe o que é você gostar de uma pessoa, admirar tanto ela pelo caracter, pensar nela o dia todo, colocar os desejos dela, os planos dela, as preocupações dela em vantagens, comparadas as suas...
-Isso é amar.
-Sim, talvez. Mas aí você tem certeza que a pessoa só vai ser, e se for, seu amigo.
-Você tá apaixonada por quem?
-Pelo seu irmão.
-Vish...complicado ein.
-Eu sei, eu não sou nada na vida dele, tipo..
-Não... ele é complicado por si só. Dani, ele sempre buscou uma pessoa que o compreenda de verdade e nunca achou.
-E quais as chances de eu ser essa pessoa?
-As chances só está aonde você procura, na medida que você luta por elas. Se você ama ele, corra atras dele, mas não esqueça de você, nunca.
-Vivemos em situações distintas.
-Independente de tudo, da nossa profissão, de qualquer coisa, somos humanos. Humanos amam humanos sem distinção, sem escolha. Pelo menos é assim que deveria ser. 
-Faz sentido...
-Olha, vamos nos divertir, a festa tá tão boa, eu adorei você ter vindo. Vamos lá comer algo.
O que eu fiz em seguida não foi comer não, foi acabar com 50 anos de fome da parte pobre da Africa, nunca comi tanto na minha vida, mas eu juro que fui discreta. Fiquei de longe observando o Vitor que ria igual bobo do lado da Paula. Até que em determinado momento, alguém falou de dançar quadrilha! Puts, eu não tinha um par e não ia me humilhar perguntando o óbvio ao Vitor: se ele tinha par. É claro que ele tinha, a Paula --'.
Não quis ir dançar, até que a Tati e o Leo vieram perto de mim.
-Dani, dança com o Leo?-disse Tati
Fiquei com cara de besta.
-Tati vai dançar com o Matheus, porque a Sofia está com vergonha de dançar. Vamos lá.
Eu me senti a fã mais sortuda do mundo, sério, e o que o Leo fez em seguida:
-Paulaa, eu queria dançar contigo, mas você roubou meu irmão!
-Ah Leo, se eu soubesse, agora você já tem uma parceira.
-É só trocarmos.
E o Leo me empurrou pro Vitor. Fiquei tipo: O_o. Leo piscou pra mim.
-Então tá, vamos Dani.
Nunca vi ser maaaaais desajeitado pra dançar, que Vitor Chaves, pqp... mas eu estava dançando com ele, era o que importava. No final da dança, Vitor continuou abraçado comigo, aí veio uma amiga do Vitor e uma moça que surgiu do inferno, falando:
-Vih, queremos te mostrar uma coisa, vem com a gente.
E tiraram o moço de miiiimmmm, aquelas putas deviam ter ido mostrar as bunda pra ele...ódio de viver viu! Já estava triste que a festa estava terminando, e eu teria que ir embora. Vitor tava bebado, então o Leo pediu pro motorista dele me levar embora, mas o Vitor quis ir embora também. Sentou no banco de trás comigo e tudo, e cansado, deitou a cabeça no meu colo. Fofo seria, se eu não tivesse a certeza que ele catou pelo menos umas duas amiguinhas penosas dele. Mas foi chegando no prédio, subindo de elevador, que tive uma outra surpresa... por que o Vitor sem beber já é sincero quando quer, bêbado então...

(continua)



Capitulo 6
Já logo pensei nos meus pais. Eles não estavam sabendo e eu já tinha 18 anos. Estava ali, sendo interrogada com aqueles bando de adolescente. Eu estava sentindo ódio do Cadu, e ele apenas ficava chorando.
-Larga de ser mulherzinha Cadu, para de chorar seu bosta.
-Isso é tudo culpa sua e da sua namorada.
-Vão se foder vocês todos, bando de vagabundos. – disse eu
-Olha como fala com a gente mina...
-HEY, calem a boca. – disse o policial
Fizeram mil perguntas pra gente e parecia que não estavam convencidos de que eu não tinha nada a ver com o rolo deles. Enquanto aguardávamos o desfecho daquilo tudo, ouvimos uma gritaria do lado de fora. De repente entraram na delegacia 2 mulheres, um cara, um segurança E O LEO CHAVES.
-Mas o que é isso? – disse eu
-Não é da sua conta. – disse uma das mulheres
Logo ouvi pessoas comentando surpresas “é o leo?!” “o que ele ta fazendo aqui?”... e aí ficamos quietos pra ouvir.
-Viemos registrar queixa desse pessoal que estava invadindo minha casa agora pouco. Meu segurança pegou o trio no ato. Esse cara tava pulando o muro inclusive. – disse Leo
Levaram eles todos pra uma sala. E eu pela primeira vez desde que fomos pegos no shopping, senti vontade de chorar. Aquele ali era meu ídolo, e por muito tempo eu sonhei com um abraço dele. Apesar de ter conhecido seu irmão, e ter desiludido, o Leo ainda era um sonho. E talvez ele nem soubesse quem eu era, e como eu iria falar? Alguns minutos depois um policial tirou a algema da minha mão, e sim, algemaram a gente. Que bosta. E me disse:
-Venha comigo.
Meu coração disparou, não sabia o que iam fazer comigo. Até que ao passarmos em frente uma sala, eu vi de novo o Leo, com o segurança dele, e eu deixei de seguir o policial e fui correndo abraça-lo. Só que aí dois policiais me seguraram, fora o segurança do Leo que já se jogou na frente.
-Leo...
Ele olhou pra mim como se não tivesse entendendo nada, e comecei a chorar. Todos pararam me olhando e eu falei.
-Moço, me deixa falar com ele, ele é meu ídolo.
-Eu disse pra você vir comigo.
E não tive escolha, a não ser ir com o policial.
-Vai ficar nisso que chamamos de quarto. Tem sorte por ser mulher e não precisar ficar na cela com os outros caras. Seus amigos serão liberados quando os pais deles vierem buscas, e você como já é maior de idade, vai ter que aguardar aqui. E é bom que você tenha contato de um advogado e dinheiro pra fiança se quiser sair, por que seu caso é complicado.
-Não moço, eu não tenho nada a ver com eles, eu só tava no lugar errado...
Me deixaram presa, eu não tava acreditando nisso. Aquele lugar era nojento. Nunca imaginei estar ali, passar por isso. Fiquei bem triste e quase uma hora depois:
-Daniele, a senhora tem visita. E sorte.
Era o Leo. Foi me ver, ele foi me veeeeeer. O policial ficou de vigia na porta enquanto ele entrou lá sozinho.
-Oi...você chamou minha atenção, disse que era minha fã...
-O Leo..
Não pude me conter, o abracei chorando mais ainda.
-Você nem sabe quem eu sou, mas eu sou sua fã. Não é minha culpa estar aqui, eu juro que sou uma boa pessoa. Meu sonho era te abraçar, te conhecer em um show, dizer que admiro muito seu trabalho e.. eu to aqui, o meu Deus..
-Obrigado flor, mas me conta o que aconteceu.
Contei a história pra ele, e contei que trabalhava pro Vitor.
-Não pode ser! Bicho, vou ligar pro Vitor vir aqui.
Ligou pro Victor, me tiraram de lá. Fiquei bons dias sem conversar com o Cadu e com vergonha de toda a situação. Meus pais acreditaram em mim pelo menos e eu não perdi o emprego apesar do Vitor ter ficado bem estranho comigo. Na verdade ele era estranho com a vida, essa é que era a verdade. Mas eu já gostava muito dele pra julgá-lo mal. Inclusive comemorei muito quando ele me disse que não estava mais de caso com ninguém e que não queria relacionamentos tão cedo. Não havia problema, já que eu queria pegá-lo casualmente mesmo...
Não vou detalhar a rotina, que era sempre a mesma, mas vou contar um episódio que marcou aquele fim do primeiro semestre do ano: a festa junina que o Leo deu na fazenda dele, e chamou muita gente, entre família, amigos e conhecidos. 

Eu estava já desistindo de querer o Vitor e saber que não o teria de modo algum, então nem iria nessa festa para não iludir mais. Ela seria no sábado, e logo pela manhã recebi um telefonema do Vitor, que me fez mudar de ideia sobre ir na festa...


Capítulo 5
-Victor... to passando mal e não consigo ligar pros meus pais.
-Vish hein. O que você tem?
-Meu estomago...
-Vem cá, devo ter algum remédio.
                Entrei despercebida do lado dele e fui até a cozinha. Sentei na cadeira enquanto ele olhava se tinha remédio . Meu estomago resolveu ser bem rebelde, doía e eu não sabia o motivo, quando não consegui segurar, estava suando frio e acabei vomitando no chão da cozinha. Aí sim chamei atenção, vieram pessoas me olhar.
-Nossa ela ta bem Victor?
-Quem é ela?                     
-Puta merda... – disse Victor
-WTF? Hahaha, alguém já passou mal com bebida...
-Gente, olha, foi mal, acho que terei que levar ela no hospital.
                E teve que mandar os amigos embora. Fiquei me sentindo pior ainda. Ele ficou olhando e pensou:
-Vou te levar mesmo pro hospital.
-Não quero te dar trabalho.
-Então que você quer que eu faça? Vamos. Tá conseguindo andar de boa?
-To sim.  
                Descemos, e ele ainda me pediu pra não vomitar no carro dele. Puta mau humor. Me consultei e tudo, o médico me deu um remédio que segundo ele, me deixaria bem sonolenta e talvez daria um pouco de febre, mas receitou um antitérmico também. Segundo o doutor, eu saberia o que eu tinha depois das analises dos exames, que eu deveria pegar no dia seguinte. Victor me levou de volta pra casa, eu mal conseguia falar, realmente o remédio pra parar meu estomago que me esfaqueava por dentro, era forte.
-Não posso te deixar sozinha.
-Me deixa em ..casa..me viro..
-Precisa de um banho, e uma roupa limpa. Consegue tomar?
-Acho que.. sim..
-Pode dormir em casa se quiser. Assim se passar mal a noite estarei la.
                Chegamos e eu fui pro banheiro de roupa mesmo, sentei dentro do box. Eu parecia uma pessoa bêbada. Victor ligou o chuveiro, lavei meu rosto e me acalmei com a agua quente caindo sobre mim. Apesar da minha consciência estar pela metade, eu sabia que o Victor estava me observando e que não poderia tirar a roupa na frente dele, seria até um abuso da parte do cara.
-Dani, tem um pijama aqui de uma menina que dormiu aqui um dia desses, pode usar. Porém não tem a parte de cima, aí te trouxe uma camiseta minha. Vou sair pra você se trocar.
-Ok. Valeu..
                Me troquei, saí do banheiro meio cambaleando, fui pra cama. Dormi. Acordei no outro dia as 7h da manhã, meio assustada. Por um instante pensei que havia dormido em serviço na cama do patrão e sonhei com tudo aquilo. E adivinhem quem acordou de bom humor? Exatamente, o Victor, porque eu acordei com raiva de mim.
-Bom dia flor do dia, como está?
-Nossa, você tá bem Victor?
-Eu que perguntei primeiro. Estou maravilhosamente bem depois dessa noite.
-É o que??? Você tá me zoando ou...
-Hahahahahahaha. Minha noite foi boa, pois enquanto você dormia, eu estava no telefone com minha amada.
-Hum.
-Tá melhor?
-Sim.
-Que foi?
-To com vergonha. Me desculpa por ter vindo aqui ontem, sei que dei muito trabalho e te fiz passar vergonha, você estava com seus amigos e eu...eu estraguei tudo.
-Não, flor, você fez certo em me procurar. Não quero nem pensar se você estivesse sozinha lá, no que poderia ter acontecido. Fique a vontade.
-Eu já vou me trocar em casa, trazer sua camiseta de volta e vir trabalhar.
-Não, não... eu vou viajar as 11h. Você pode vir depois do almoço. Lembre-se de passar no hospital pegar o resultado de seus exames, ok? E pode ficar com a camiseta, nem uso ela mais.
-Ta bom. Obrigada por tudo.
                Ele sorriu. Fui e abracei ele. Fez uma cara de espanto mas tudo bem. Então segui pra minha humilde residência. Não acreditei naquela doçura toda que o moço tava, e me perguntei a semana toda: quem era a amada dele?! Ok, não deveria ser da minha conta. Nunca me preocupei com isso, ele é só meu ídolo. Quem se preocupa demais é quem ama. Mas ela deveria ser uma pessoa próxima dele, havia boatos dele com a Xuxa, mas não podia ser, fiquei muito preocupada, com ciúmes, com raiva, por que não podia ser eu? Droga, não!!! Ele era a última pessoa a qual poderia me apaixonar.
                Foi assim então que mais alguns dias passaram. Aí, em uma bela tarde de domingo, estava passeando no shopping com o Cadu, comprando algumas coisas. Percebi que as vezes ele olhava para alguns rapazes e fazia um tipo de sinal. Achei que fosse bobeira da minha cabeça, até que tivesse certeza do contrário. Ele estava mesmo se comunicando com alguém e eu fiquei com receio.
-Cadu? O que tá acontecendo?
-Nada, relaxa kkk.
-Hum...
-Sério Dani, nada com que precise se preocupar.
-Cadu, na boa, não sou besta, e se você não me falar, eu vou...
-Xiiiiu, vamos indo la pra fora que vou te contando.
-Tá ok.
                Saímos do shopping pelo estacionamento, e nem tínhamos carro. Lá tinha uns 4 caras esperando o Cadu.
-Então Dani, é que meus amigos vieram me trazer umas coisas, tipo, eu espero que você me entenda. Já que é minha amiga.
-Depende do que for...
-E aí rapaziada...
-Fala Caduu...
                Cumprimentei os sujeitos. Aí quando vi não acreditei, passaram uns saquinhos com algo verde pro Cadu, era Maconha, certeza.
-Ah Cadu, eu não acredito.
-Que foi Dani? Eu disse que ia te contar...
-Não interessa Cadu, você mentiu pra mim, que porra é essa mano?
-Ih fera, sua namorada vai embassar agora?
-Ela não é minha namor...
-EU NUNCA NAMORARIA ALGUÉM QUE MEXE COM ISSO...
-Dani, não grita...
-Porra mano os guarda tão vindo aqui, fodeeo manow.
-Aff Dani olha o que você fez, corram...

                E não deu pra correr, a polícia tava ali do lado de fora bem por onde saímos. Levou eu, Cadu e os 4 amigos.

(continua)


Capítulo 4
Mentira, não disse essas coisas, nunca ia xingar meu ídolo de grosso...esperei ele vir sentar do meu lado.
-Podemos conversar?
-Claro.
-Vim pedir desculpas.
-Tudo bem.
-Sério mesmo.
-Não sei porque fui bater na sua porta. Sabe, existe um muro bem grande separando seu mundo e o meu.
-Não é bem assim.
-Você me disse pra separar as coisas. 
-Não assim. Olha, eu tinha acabado de receber uma ligação de uma pessoa que gosto, e terminei um quase-namoro. Estou estressado, acabei descontando em você.
-Você não é o único que tem problemas por aqui. 
-O que aconteceu com você?
-Victor, é sério que você quer ouvir a empregada do prédio reclamar?
-É sério, você não é só isso.
-Meu amigo está com problemas. Nada que venha ao caso.
-Ok. Sinto muito por isso, espero que se resolva a situação.
-Você é intocável ou posso te pedir um abraço?
-Aí você me ofende hahaha. Claro que pode, só cuidado com meu violão.
-Podemos ser amigos?
-Hahahahaha, não, eu só vim te pedir desculpas.
-Credo hein...
-Mas posso te chamar pra trabalhar pra mim, limpar meu apartamento e tal. Conversarei com o senhor Edgar.
-What?
-Hehe. Se você quiser. Quer?
-Preciso pensar.
-Você quer, para.
-Cara??
-Aceita.
-Tudo bem.
Eu ia trabalhar pro cara chato que se mudou pro prédio. Poxa, meu ídolo parecia ser mais legal. Mas convenhamos, o cheiro do seu perfume era muito bom, seu charme, ele era um Deus no meu mundo. Logo no primeiro dia de trabalho, quando ele estava viajando, comecei a limpar o apartamento dançando com a vassoura, criando imaginações na minha cabeça, de como ia ser lindo se ele e eu tivéssemos um caso. Me imaginei andando de carro de luxo, indo a shows em várias cidades, ficando em hotéis caros, entre outras coisas que só o dinheiro me traria, e sim, eu era uma pessoa materialista demais, mas porque talvez eu nunca tivesse tido certos privilégios em minha vida.
Existia uma ética a qual eu deveria seguir. Ética essa que me proibia de dizer quem era meu patrão (Victor), por uma questão de segurança. Só minha família sabia e não havia benefícios nisso. Cheguei me desiludir nos primeiros meses, porque eu trabalhava pra ele e quando ele fazia festas por lá, sequer me chamava. Outro dia, enquanto eu lavava a louça, ele veio até a cozinha, me perguntando:
-Dani, qual dessas camisas combina melhor comigo?
-A verde é mais sua cara.
-Vou dar uma festinha com poucos amigos aqui hoje. E receber uma velha amiga querida, quero estar apresentável.
-Ah sim...
-Provavelmente amanhã você pode chegar depois das 14h da tarde, e não se espante se tiver uma pequena bagunça a mais.
-Tudo bem, já me acostumei.
-Eu lhe pago um extra como das ultimas vezes okay?
-Ok. 
Ele pedia minha opinião pras coisas como se não tivesse a quem pedir. Ele era muito só, era a imagem que eu tinha dele. Outra vez que eu achei que ele podia ter me chamado, foi no aniversário do sobrinho dele, Matheus, filho do Leo. Eu ainda não conhecia o Leo pessoalmente.
-Dani, que presente comprar pra um garoto que fará 4 anos?
-Ah, depende do que ele gosta.
-É o filho do Leo. Ele gosta de musica hahaha e de jogos.
-Ele já tem um violão?
-Que seja dele não. Boa ideia, vou dar um violão.
-Vai ser hoje o aniversário dele?
-Sim, mas a festa é amanhã na fazenda do meu irmão. Adoro lá, você precisa ver, é bem bacana.
-Hehe, ainda nem conheço seu irmão. 
-Não? Ah verdade, ele nunca veio aqui.
E ficou nisso, ele não fazia questão de ser meu amigo, de me chamar pra nada. Mas em um dia desses o qual tinha festinha de amigos no apto dele, eu estava em casa já, quando de repente começo a passar mal. Uma dor forte na cabeça, e estomago muito ruim. Tentei ligar pros meus pais, mas meu celular estava sem bateria. Não sabia o que fazer e só tinha uma pessoa que eu conhecia naquele prédio pra pedir ajuda, que era o Victor. Só que eu não queria atrapalhar a festinha dele, mesmo assim não tive escolha, fui na porta dele e apertei a campainha e ele veio abrir.
-Osh, Dani?


Capítulo 3

-Não tenho mãe Dani. Ela faleceu ano passado, quando o idiota do meu pai foi em um churrasco beber com os amigos. Eu estudava a noite e minha mãe ficou sozinha em casa com minha irmã de 2 anos. Um bandido entrou em casa, e acabou tirando a vida da minha mãe e acertou um tiro na minha irmã, que a deixou sem uma perna, teve que amputar, ela só tinha dois anos e minha mãe... – suspiro -  ela não resistiu.
-Puts....
                Eu não sabia o que dizer a ele. Ainda sim ele terminou de me contar:
-Eu pensei em faltar aquele dia no colégio, mas fui. Meu pai se culpa até hoje, ainda lembro da cena quando cheguei em casa com ele, ele havia me pegado na escola, e chegamos juntos. Senti um cheiro forte na entrada, e não tinha ninguém em casa, vi a sala inundada de sangue e o quarto da minha irmã com sangue no berço. Quando chegamos ao hospital e recebemos a notícia, eu quis morrer ali com a minha mãe, ela foi a melhor pessoa da minha vida cara...
-Não culpa o seu pai...ele sofre tanto quanto você.
-Foi perturbador, até que decidimos vir pra cá começar uma nova vida. Me da um abraço...
-Não sei o que te dizer. Só posso te oferecer a minha amizade, Cadu...
                E realmente, falava todos os dias com aquele garoto desorientado. Acho sinceramente que fui uma pessoa boa pra ele, por que ele faz questão de agradecer sempre pela amizade. Enfim, uma semana depois desse dia, o novo morador do prédio se mudou, o Victor. Ainda lembro, foi numa sexta a tarde, eu já havia acabado meu serviço. Desci no elevador até o andar que ele estava, nervosa, por que queria dar um recado a ele. Queria que de alguma forma ele soubesse que podia contar comigo pra alguma coisa. Suando frio já, apertei a campainha dele, me atendeu com um violão na mão.
-Olá?
-Oi, Victor.
-Você é a moça que limpa né?
                Droga! Eu só era a moça que limpa, apenas isso, o que eu estava fazendo lá?
-Sim, sou eu. Vim só te dizer que, eu moro lá em cima e to sempre por aqui, se precisar de ajuda, mesmo que fora de hora pode me chamar... mas por favor, não pensa nada errado sobre mim, só vim oferecer minha ajuda mesmo tá?
-Hahaha nem pensei. Muito obrigado viu.
-É... você tava tocando violão?
-Sim, estava.
-Será que eu poderia te ver tocando uma música de vocês?
-Rs, flor, não querendo ser mal educado, mas você veio mesmo me oferecer ajuda, ou só fez isso porque é minha fã?
                Nunca senti tanta vergonha como naquela hora, tive vontade de chorar.
-Me desculpa.
-Olha, eu sou uma pessoa normal aqui. E você só trabalha por aqui. Deveríamos separar as coisas.
                Saí e disse um boa noite. Ele entrou. Fui sentar lá na frente de onde eu morava pra ver as estrelas e pensar sobre como é legal levar um puta fora como esse do ídolo. Como se meu emocional não tivesse estragado o suficiente, o Cadu me manda mensagem dizendo que estava de castigo em casa por que o pai dele pegou ele com um cigarro de maconha, que segundo ele, era de um amigo, que ele não usaria aquilo. Porra, Cadu! Aí ouço um dedilhado de violão se aproximando. Cara, ele era bipolar ou o que? Olhei pra traz e me certifiquei, era o Victor.
-Isso é um pedido de desculpas ou o que?
-Calma, vim pedir desculpas de fato.
-Na boa, eu sou tua fã, mas não precisava ter dito aquilo, você foi um grosso...
 (continua)
(continua)
Capítulo 2
         Victor estava à procura de um apartamento pra comprar, eu fiquei surpresa por ele ter escolhido lá. Não caia a ficha. Eu sabia apenas que moravam ali em Uberlândia, mas de tão grande que a cidade era, também sabia que seria difícil encontra-los. Vi que o Victor tava olhando pra baixo rindo internamente, ele ficou até vermelho.
-Dani, tá inspirada hoje né? Esse é o...
-Victor... meu Deus, que mundo pequeno.
-Haha, olá, prazer.
         Me deu um beijo no rosto. O VICTOR ME DEU UM BEIJO NO ROSTO. Tive que me conter, era meu ídolo, mas eu não podia jamais demonstrar exaltação se quisesse manter meu emprego. Olhando pelo lado bom, todos os lados eram bons, se ele comprasse aquele apartamento. A única coisa ruim é que eu só limpava os apartamentos vazios. Droga! No final, quando Victor estava ao celular falando com alguém sobre o apartamento, chamei o Sr. Edgar:
-Será que eu poderia pedir uma foto com ele?
-Claro, fique a vontade, se ele quiser.
         Quando ele já estava indo embora, deixei a vassoura e fui pedir uma foto.
-Victor, com licença.
-Pois não?
-Admiro muito seu trabalho, viu. Hoje a noite sei que tem show e talvez eu vá.
-Mas que bom, flor! Tomara que você curta.
-Pode tirar uma foto comigo?
-Claro.
         A câmera do meu celular nem era muito boa, mas tirei com ela mesmo. Pra ele, só mais uma foto com alguém que gostava do seu trabalho. Pra mim, uma foto na qual tive que conter o choro e a emoção, porque eu estava tirando foto com um cara que eu amava, que eu era muito fã. Uma das fotos mais importantes da minha vida toda.
         Mais tarde, quando já estava no meu cantinho, me lembrei que iria com o Cadu ao show, mas que não combinamos a hora, nem se ele iria me buscar. Cheguei até a ficar um pouco triste, quando de repente um número diferente me liga:
>Alô, aqui é o Cadu, com quem eu falo?
>Dani, haha, oi Cadu.
>Oiiii!! Vamos ao show né?
>Se você quiser, sim.
>To passando aí em uma hora. Meu padrinho me passou seu número. Eu, ele e o amigo dele passaremos aí, te ligo quando estivermos chegando.
>Tá ok. Obrigada por me chamar.
>Que isso, eu que agradeço a companhia.
         Deitei no colchão grata por ter conhecido ele, mais grata ainda pelo emprego e a oportunidade de ter conhecido o Victor sem mesmo estar esperando. Sobre o show: foi uma sensação incrível, uma energia incrível. Conheci outras fãs por lá, mas procurei me controlar, por causa do Cadu.
-Cadu, isso é vodka?
-Sim, quer?
-Não, obrigada. Mas vem cá, você é menor de idade.
-Huuum, vai me controlar é? Hahaha.
-Sou mais velha, não deveria deixar!
-Ta bom, “mãe” kkkkkkkkkk.
         Por conta dessas vodkas que ele tentou me beijar no show. Não deixei, apenas aceitei ficar abraçada com ele porque estava frio. Quando acabou o show, fomos embora. O Edgar deixou a gente no centro porque o Cadu disse que iriamos comer um lanche. Edgar passaria nos pegar umas 2 horas depois, ele saiu com o amigo e algumas garotas, tenho certeza. Pedimos lanche num local que era relativamente perto da minha casa, logo perto da casa do Cadu que ficava no quarteirão de cima do prédio.
         Comemos e ficamos conversando, até que ele começou a passar mal.
-Cadu, o que foi?
-Meu estômago, e tá me dando tontura.
-Puts... olha, moramos perto daqui, vamos pra casa enquanto não fica sério isso daí.
         Fomos, ele foi meio tropeçando e eu o segurando. Até que chegou na frente do prédio.
-Quer que eu vá com você até sua casa?
-Na verdade não posso aparecer assim em casa. Meu pai vai me matar por que eu bebi.
-Eu te avisei, cara.
-Não fala isso que é pior.
-Tudo bem, vamos subir, esperamos você ficar bem. Ligaremos pro seu padrinho e dizemos que viemos ver um filme.
-Mas tudo bem pra você?
-Tranquilo. Desde que você não tente nada, como fez no show.
-Me desculpa, estou com vergonha, não vou tentar.
         Subimos, ele deitou no meu sofá, coloquei um balde caso ele tivesse vontade de colocar pra fora a mistura linda de vodka com lanche. Tomou um remédio também pra aliviar. Do nada ele começa a falar da vida:
-Cara, eu sou um idiota.
-Não fala isso.
-Comecei a beber ano passado, depois que...bom, minha mãe não gostava dessas coisas, ela achava que podia consertar o mundo, mas não, e eu percebi isso só depois. Por que a vida é tão injusta...- começou a chorar.
-Depois que o que?

(continua...)

 Capítulo 1

03 de março de 2010, Uberlândia.
            Acordei feliz naquela manhã. Havia arrumado um emprego, já que não tinha passado em nenhum vestibular, eu decidi trabalhar por livre e espontânea pressão de toda a minha família. Não era o emprego dos meus sonhos, pelo contrário: era onde eu menos me via trabalhando.
Acontece que um empresário de negócios imobiliários, dono da fazenda a qual meu pai administrava, me ofereceu um serviço em um de seus prédios. Trabalharia de faxineira. Pois é, me zoem. Só que eu apenas tinha o dever de manter limpo os apartamentos vazios, que não eram muitos, para que os compradores tivessem uma boa impressão.
            Não era difícil e eu até que gostei. As pessoas que moravam por lá eram educadas e o prédio ficava bem no centro da cidade, um lugar bonito e fino. (Só gente rica morava ali). Como eu morava na fazenda, então o senhor Edgar, patrão do meu pai e agora meu patrão, me cedeu um cômodo no último andar do prédio, com um banheiro e um quarto para que eu passasse a semana. Apesar de ficar do lado do armazém de tranqueiras e ferramentas, onde toda coisa inutilizável do prédio ficava, antes de ter um destino, era legal, porque dava pra ver a cidade toda, e as estrelas.
            A rotina era a mesma, e depois de dois meses sem nada de muito diferente acontecer, o senhor Edgar foi checar umas coisas no prédio com seu afilhado Eduardo, Cadú como ele o chamava. Logo tive uma impressão de que Cadu trabalhava pra ele, pelo que pude ouvir, até que chegaram aonde eu estava.
-Bom dia Dani, tudo bom?
-Bom dia sr. Edgar, to bem e o senhor?
-Também. Esse é o Carlos Eduardo, meu afilhado. Cadu, essa é a Dani, ela limpa os apartamentos vazios daqui.
-Prazer Dani.
-Prazer, rs.
-Ele trabalha no meu escritório aqui do lado, to ensinando a ele como se faz uma boa propaganda em uma venda.
-Ah sim, rs.
-Bom, eu tenho que dar uma corrida na casa de um conhecido aqui perto, volto em meia hora, você poderia fazer companhia ao Cadu, Dani? Conta pra ele da fazenda, e tudo mais.
-Ah tudo bem...
            Fiquei com vergonha, porém curiosa pra conhecer o Cadu. Estávamos perto do Hall de entrada do prédio, então fomos lá. Ele, como se já me conhecesse a anos, foi dizendo:
-Tá sabendo da novidade?
-Que novidade?
-O show que vai ter hoje, daquela dupla sertaneja: Victor e Leo.
-Ah sim, estou sabendo. Adoro eles!!!
            Claro que não ia dizer que eu era fã, até porque homens sempre se afastavam de mim quando me dava crise de fanatismo. Minha história com a dupla começou em 2006, porém havia ido em um só show e fiquei longe do palco. Apesar de ser caro, comprava todos os CDs deles originais.
-Sério? Eles são bons, mas sertanejo não faz meu estilo. Meu padrinho me chamou pra ir, só que ele fica com os amigos dele lá, eu ia me sentir sozinho. Talvez se alguém fosse comigo...
-Sabe, eu até iria, mas esse mês a grana tá meio...
-Eu pago pra você!! Se você disser que vai.
-Mas... a gente nem se conhece direito e, é chato você pagar.
-Por favooooor, eu não sei o que fazer lá sozinho.
-Olha, eu vou, mas só se você me contar sobre você.
-O que quer saber? Pode perguntar.
-Conte-me sobre você hahaha.
-Vamos lá: moro a um mês aqui, eu era de Brasília. Tenho 16 anos, minha cor favorita é verde, não sou gay, adoro x-bacon, to no último ano do ensino médio, tenho medo de aranhas e to trabalhando pra ser rico.
            Ele não parecia mesmo ser rico como o padrinho dele. Me apresentei também. Apesar dele ser bonitinho, era bem novo, porque eu tinha 18 anos. Era meio gordinho, mas isso não o deixava feio de modo algum, e acho que por não ter um jeito de machão, preferiu deixar claro que não era gay hahaha. Ele foi embora assim que Edgar chegou, e saindo meio correndo, Edgar disse:
-Dani, limpa o apartamento 72, porque eu vou trazer uma pessoa que quero muito que compre ele.
-Okay.
            Estava limpando e ouvindo meu radinho com meu fone. Tranquei a porta porque detestava ser incomodada pelas crianças que brincavam no prédio e acabavam entrando onde eu estava, imagina se uma delas quebra algum móvel de dentro do apartamento?! Pois bem, mal sabia eu que Edgar já estava subindo, e no refrão da música eu me exaltei. Do lado de fora da porta, sem que eu ouvisse, Edgar falava ao novo comprador:
-Tenho certeza que você vai gostar, é um lugar excelente.
            E abriu a porta, no mesmo instante, sem perceber que estavam já na sala e eu na cozinha, cantei bem alto:
-COMUMAA DEUSAAAAAAA, VOCEE MIIII MANTEEEEEEM...
            E no que olho pra traz quase caio dura no chão, numa mistura de AVC com ataque epilético: senhor Edgar e Victor Chaves (O VITOR PORRA) olhando pra mim, com cara de interrogação.



[continua...]

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